Para falarmos disso, trago um pequeno trecho, uma pequena adaptação de uma cena narrada por Camilo José Cela em seu livro "Viajei a la Alcarria" que acredito ilustrar bem esta questão. Este trecho foi retirado do livro de Antônio Viñao Frago.
"Diz ele que um viajante chega a uma alfeia. A professora que o acompanha a uma visita à escola fala de pedagogia e diz que as crianças são boas, aplicadas e muito atentas. Chama, então, um menino e uma menina e pergunta:
- Vamos ver. Quem descobriu a América?
- Cristóvão Colombo - diz o menino sem vacilar.
A professora sorri.
- Agora você - aponta para a menina - Qual foi a melhor rainha da Espanha?
- Isabel, a Católica.
- Por quê?
- Porque lutou contra o feudalismo e o Islã, realizou a unidade de nossa pátria e levou nossa cultura e religião para além dos mares.
A professora, satisfeita, explica ao viajante:
- É minha melhor aluna.
A pequenina está muito séria, muito possuída do seu papel de número um. O viajante dá-lhe uma bala de café-com-leite, leva-a um pouco à parte e pergunta:
- Como te chamas?
-Rosário Gonzales.
- Bem. Vejamos. Rosário, você sabe o que é feudalismo?
- Não senhor.
- E o Islã?
Não senhor - responde perturbada a menina.
O viajante, então, suspende o interrogatório."
A menina, como vimos, fala como um livro. Um livro que ela não entende, mas a memorização deste livro é que permite que a aluna seja bem avaliada pela escola.
É isso que queremos para os nossos jovens?
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Cristina C. C. Vieira