sábado, 26 de março de 2011

O assassino era o escriba

Posted by Cristina C C Vieira on março 26, 2011 with No comments
                            Paulo Leminski


Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente.


Um pleonasmo, o principal predicado de sua vida,


regular como um paradigma da 1ª conjunção.


Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial,


ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito


assindético de nos torturar com um aposto.


Casou com uma regência.


Foi infeliz.


Era possessivo como um pronome.


E ela era bitransitiva.


Tentou ir para os EUA.


Não deu.


Acharam um artigo indefinido na sua bagagem.


A interjeição do bigode declinava partículas expletivas,


conectivos e agentes da passiva o tempo todo.


Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.







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Cristina C. C. Vieira